terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Ano novo, Vida nova

Após uma longuíssima ausência (o último post data de 2 de Fevereiro), e da peculiaridade do último título ser "Regresso" (sublinho que a palavra regresso numa outra língua qualquer há-de significar pausa ou sabático), voltamos, desta feita, para "valer", comprometendo-me a não escrever mais no blogue se um outro desaparecimento desta monta voltar a suceder.
Posto isto, espero que estejam todos bem, ou pelo menos que estejam a fazer por isso. Neste interregno perdemos um dos nossos leitores mais assíduos, o ex-primeiro-ministro José Sócrates. Restam 3, a fazer lembrar os jogos do Leiria na 1ª liga.
O bloque em breve poderá sofrer algumas alterações gráficas, e também faz parte dos nossos objectivos variar o conteúdo, de sem rumo para um pouco de tudo. À primeira vista parecerá que estou a falar de farinha do mesmo saco, mas é mais um sortido de biscoitos ( não, não consumo drogas, e por utilizar a palavra biscoito sublinho que sou heterossexual, pois depois de ter escrito biscoitos já só estava a imaginar o Bruno Nogueira aqui à volta "ai que panisga, é o biscoitinho é?". Biscoito é de homem, então e o molhar o biscoito do Gabriel o Pensador?

Caríssimos: desejo-vos um ano tão bom como o que eu vou ter. Se após lerem alguns textos deste blogue se identificarem de alguma forma e tiverem vontade de participar manifestem-se.


Beijos e Abraços 
The Tchuchatov

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Regresso


Este post de regresso é um achado (encontrado num dvd que continha um backup de um computador antigo) que aproveito para colocar aqui no blog, sem tirar nem pôr, um copy paste sem qualquer exclusão para efeitos "bloguísticos". Uma tentativa de começo de um livro, mais olhos que barriga, uma promessa adiada.

Acção : indecisão entre sítios fictícios baseados em Lisboa ( a grande metrópole Viriato e subúrbios (Massamá - ...  )

Mecenas; milionário; pouco afectivo; ascendência nobre, diplomático, por vezes cínico (Álvaro Sobral), não se lhe conhece família, uma governanta (Alice), Vivenda no Cartaxo ( inventar nome). Nascido em Guimarães, entre os 4 e as 10 anos veio viver para Lisboa ( Viriato ). 52 anos. De direita com ligações subtis ao partido monárquico. Empresa multinacional … conservador anti mudança

Alice Tovar –  governanta de 56 anos


Tobias – empregado da empresa

Vânia Tovar – filha da governanta 27 anos, depravada,

 Frederico Santos – confiante, semi-vistoso


“A estranheza com que a mudança se me assoma, deixa-me atordoado”, pensava Álvaro pouco após ter lido a notícia do jornal “O Público” que transportava debaixo do braço, acerca da lei que iria permitir que a eutanásia passasse a ser uma prática legal da medicina. O passo acelerava-se-lhe, como se fosse uma maneira silenciosa de exprimir a sua zanga com o que acabava de tomar conhecimento. Não conseguia entender o porquê de as pessoas quererem fazer o trabalho de Deus e não só não o conseguia entender, como inferia do seu raciocínio a atrocidade da ideia que estaria prestes a ser posta em prática. Para o quinquagenário, a evolução tecnológica e ideológica do século XXI não era mais que uma perversão dos bons valores sociais de outras épocas, e aquilo a que muitas pessoas chamavam desenvolvimento, não passava de uma bola de neve viral que continuava a crescer e que daí a alguns anos iria ter consequências profundamente nefastas para a sociedade.

Agora prestes a chegar ao seu grande Saab no qual tinha muito orgulho e que ostentava com indiferença perante todos os outros automóveis, Álvaro só pensava em sair o mais depressa possível de Lisboa, e de chegar de uma forma célere ao seu poiso, a sua casa no Cartaxo. O crepúsculo anunciava-se e não tardava a noite cair. Pensava nos prazeres a desfrutar quando chegasse a casa, um banho tépido de banheira cheia como era hábito depois de um dia de trabalho, os deliciosos jantares de Alice, a sua governanta, a grande poltrona de cabedal que era na sua opinião o lugar mais confortável do mundo, e o deleite que se iria ocasionar aquando da observação das obras de arte espalhadas por quase toda a casa. Desde esculturas africanas, a frescos de pintores europeus do renascimento, passando por achados arqueológicos, ali a arte estava patente e reflectia uma das grandes e poucas paixões de Álvaro Sobral.


terça-feira, 30 de julho de 2013

Sem título

Hoje fui dos últimos a sair do ginásio, nunca tal me tinha acontecido. O ginásio fecha às 22 horas e às 21:50 éramos cerca de 10/12 pessoas lá dentro a tocar os últimos acordes. Para um ginásio que costuma ter, com regularidade, cerca de 80/100 pessoas, esta foi uma experiência diferente, mais intimista, sem o corrupio das horas ditas normais (já nem digo de ponta, porque aí é o caos e a espera para fazer cada exercício é exasperante, tornando pouco prazerosa a experiência de ir ao ginásio). Senti-me bem, é uma experiência a repetir, e para adensar ainda mais esta experiência, saí do ginásio e fui envolvido por uma brisa tépida, inspirei fundo várias vezes, parei, olhei para o céu feito maluquinho no meio da rua na esperança de ver um céu alentejano, e depois pensei "que ingénuo, estou em Lisboa". Cheguei perto do carro rapidamente e já sabia que a partir do momento em que entrasse no carro iria direito a casa e o dia terminaria aí. Tentei arrastar ao máximo o processo de entrar no carro. Olhei para o telemóvel, vi uma chamada não atendida da minha mãe. Liguei-lhe, quis falar ali com ela, fora do carro, quis inspirar aquela temperatura amena enquanto trocava um diálogo prosaico com ela. Entrei dentro do carro, liguei o motor, e comecei a descer à rua em direcção ao lar. Na cabeça estava a vontade de ir directo à praia, apesar do adiantado da hora. Faltou-me a coragem e imperou a lógica, o excesso de racionalidade que tantas vezes é necessária para a vida ser equilibrada. De um lado a vontade, a sensação, do outro os óbices: trabalho no dia a seguir e acordar às 8 da manhã, o ter que preparar a comida para o dia seguinte, o dinheiro gasto em gasolina por uma hora na praia, o ir sozinho. Não gosto da vida com estas amarras, mas neste momento este tipo de racionalidade é um mal extremamente necessário e edificador.
Por vezes o barco necessita de ficar ancorado algum tempo antes de se lançar ao mar, e aí começa a aventura, pegas no leme e navegas, deixando o mar e o vento fazerem o seu papel, não há amarras, há bússolas e mapas que horas usas ora guardas, há mundo por desbravar, a descoberta, uma das mais belas coisas da vida.
 
 
 
 

sábado, 20 de julho de 2013

Os meus Pés


Após o interregno necessário para uma reflexão profunda, o tema para o meu próximo texto foi finalmente definido. O rufar de tambores que antecede momentos altamente empolgantes e de alguma tensão, tais como este , desta vez não será utilizado porque o tema é mencionado no título, sim…Será um texto sobre os meus pés.

A epifania surgiu, quando o meu irmão, um observador nato, após ouvir da pessoa com quem partilha muito do adn a dizer – este é o terceiro par de chinelos que me faz uma ferida nos pés...  - reagiu com a perspicácia de um - Mano, tens os pés mesmo feios!  – fazendo me imediatamente ficar melhor da dor, ao perceber a metáfora que ele me quis mostrar e que me atropelou na forma daquela situação.

Os meus pés são bastante funcionais, mas não correspondem ao ideal de beleza que tem sido definido e veiculado nos anúncios de cremes para o corpo. Os dedos não são completamente direitos e alguns, os chamados ” médicos ”, podem argumentar que tenho um dedo consideravelmente  maior que os outros nove. No entanto, os meus pés têm o nível de fragilidade de um recém nascido. Fico com pequenas lesões com muita facilidade, a areia da praia faz me confusão, tenho cócegas e faz me impressão que me toquem nos pés em geral. Há muitas pessoas que se passeiam com pés de uma beleza convencional e mais consensual, mas que quase nem se lembram que têm pés, não apresentando nenhum tipo de sensibilidade, mal olham para os pés e só se lembram deles para comparar com alguém que acham que tem os pés feios.

A metáfora que me parece completamente inequívoca na observação do meu irmão, é em relação à maneira como nos relacionamos com  beleza, quando a vivemos de uma perspectiva quase competitiva. Sabendo que será redutor para alguns, em ambos os lados do exemplo, é necessária a generalização para explicar o ponto de vista.

 Os que têm uma beleza menos óbvia acabam por senti-la com mais intensidade, ou na procura de se aproximarem mais dos estereótipos de beleza, pensando comparativamente e avaliando demoradamente as nuances das suas imperfeições. Idealizando a beleza a que aspiram, delimitando os pormenores dessa espetacularidade e valorizando intensamente cada conquista/melhoria nesse campo. Derradeiramente acabam  por se definir pela aproximação do tal aspeto, muitas vezes esquecendo que a verdadeira beleza é o lado individual da que cada um possui. Vivendo no elogio alheio uma experiência marcante em que tiveram um gosto dessa vida a que aspiram.

Neste contexto competitivo ,antagonicamente vivem aqueles cuja beleza é alvo da inveja, todavia para os próprios, essa mesma “beleza” torna se banal. Um elogio a essa beleza é uma constatação óbvia e algo que já foi tão repetido que é necessário um insulto para chamar a atenção de alguns destes seres. A beleza não é um deleite para os que a vivem na primeira pessoa, não ficam a analisar com detalhe esse esplendor. Lembram-se dela quando comparados aos que não a possuem e quando começam a ter medo de estar a perde-la, antes dessa fase tornam-se insensíveis à sua beleza unanime. Da mesma forma que alguém que tem as duas pernas não fica radiante por ter as duas pernas  até ver alguém que não tem esse privilégio ou quando está na iminência de ele próprio deixar de tê-las a funcionar corretamente.

Tornando se a beleza algo que quando vivida segundo as coordenadas dos outras é dolorosa ou indiferente, a grande moral desta história é personificares a alternativa de viveres a tua beleza. Aceitares o belo que há naquilo que és e celebrares a beleza que há no mundo evitando medires te por aí é a forma de conciliar beleza e bem estar.

Por tudo isto, sumariando o acima descrito e citando a resposta que dei ao meu irmão –  Cala-te! Os meus pés são lindos – Aproveitem, os melhores cumprimentos para os vários milhões que congregaram atenções neste texto.

 

 

 

 

 

domingo, 23 de junho de 2013

"Sejam realistas, peçam o impossível"

Hoje revisitei o slogan do Maio de 68, há muito escondido da minha memória. Não vou discorrer sobre o sentido do slogan e do seu contexto social e político. Vou apenas sequestrá-lo e forçá-lo a um sentido aplicável a mim, a nós, ao indivíduo contemporâneo.
Ser realista e pedir o impossível não é ludibriar expectativas, colocar metas irrealizáveis e depois entrar num marasmo revoltante, que não só sabota ainda mais o caminho que pode levar às metas como nos pode atirar para uma navegação cabisbaixa, soturna e sem norte.
O título deste post significa que devemos ter ambição, devemos ser inconformados, exigir o que temos direito e o que achamos justo para nós. O primeiro passo para se ter sucesso nos objectivos propostos reside na dialéctica autoconhecimento/noção do meio envolvente, o segundo passará por uma luta consistente e constante pelos fins, pela capacidade de ser resiliente. E na minha opinião, embora a resiliência varie consoante o ser humano, a variabilidade desse traço de carácter está intimamente conectada com o modo como se definem os objectivos (consoante o realismo dos mesmos). Há  uma outra questão pertinente em relação a este assunto. Por vezes, o foco num objectivo que até é realizável a longo prazo, mas que tem de ser obrigatoriamente precedido por várias etapas, ou por um espaço longo de tempo, pode levar à queda, como quando se tenta subir lanços de escadas de 3 em 3 para de forma mais célere se chegar ao topo. Perde-se de vista o imediato, o que é importante, e perante uma má gestão de expectativas, surgem a desmotivação e a descrença. Nada disto é fácil, não somos máquinas, não somos alemães, somos pessoas, somos latinos.
Termino este périplo com a forma de pensar que tento forjar em mim e que me fez reparar particularmente neste slogan, quando hoje o vi numa revista. Há que ser ambicioso (uma ambição terrena, com uma pitada etérea), não podemos ser agrilhoados pelos constrangimentos sociais, pelas experiências e sensações negativas. Não nos contentarmos com o normal, o razoável, o insosso, seja com um trabalho, com amizades, com relações amorosas, deve ser um princípio de vida. O normal é melhor que o mau, mas o que esta vida tem para oferecer em termos de bom, óptimo e excelente é infindável, portanto, meus amigos, sejam realistas, peçam o impossível.
 
 
 
Tchucholini Carpaccio


terça-feira, 11 de junho de 2013

Apetecia-me escrever

 
 
Mas a sensação é de não ter nada para dizer, apetece-me deambular, ir vendo no que é que dá, espreitar por trás da esquina, respirar, cheirar, tocar, rir. Apetece-me levantar a moral das pessoas que merecem, das pessoas que são boas. Apetece-me ter pena daqueles que são mesquinhos, egoístas e superficiais. Uma vénia a quem respeita, uma vénia a quem valoriza. A vida é uma sucessão de momentos, uns iguais aos outros, estamos contemporânea e sociologicamente formatados para desvalorizar os bons momentos, as boas pessoas. De repente olhamos para trás e o momento agiganta-se, já passou, já não os temos, talvez não se repitam. Por outro lado parece que há uma fúria social competitiva em que acabas por não conseguir desfrutar o tempo próprio do momento.
Este baile de máscaras social que ora me repugna ora me encanta. Queremos mostrar o melhor de nós, amostra que muitas vezes não existe, queremos esconder o que é aparentemente reprovável, quando é no pormenor, no defeito, na particularidade, que se cria o carácter especial, único e marcante do ser humano. É a minha opinião. Não sei se é da idade. Mas chegando aos 32 anos estou farto do normal. Não tentes ser igual aos outros, deixa a tua marca. Podes não ser o melhor, mas podes ser particular. E quem não gosta de ter algo único? Eu tenho o orgulho de conhecer 2 ou 3 pessoas únicas, e garanto-vos que são as melhores pessoas.


Uma boa música, um bom livro, um bom filme, uma boa paisagem, uma boa acção, uma boa reflexão, um bom texto. As sensações subjacentes a estes objectos\actos partilhadas com quem tenha a mesma filosofia de vida, isso sim parece-me a verdadeira vida. Atenção, falo de pessoas, de amigos, família, etc. Estas ideias lançadas atrás poderiam, para os mais incautos sugerir a ideia de relações amorosas. Oh que se foda o amor (pelo menos para já), há mais na vida para desfrutar, muito mais, e ficarmos reféns da ideia de que as boas coisas da vida só fazem sentido com alguém ao lado é estarmo-nos a privar da vida.
Este texto não foi escrito para ter sentido, para ter um esqueleto interno ou sequer um fio condutor. Como disse, apetecia-me escrever, sem ter ideias, andando, tropeçando, erguendo e esvaziando.
 
PS: Estou a começar perversamente a gostar desta ideia de fingirmos estar a escrever para um público quando ninguém lê isto.
 
 
El Pseudo Tchucho